Às vezes, a gente não está bem. E está tudo bem

Perestroika
2 min readJun 22, 2018

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Esses dias eu acordei e me senti estranha. Não aconteceu nada, não tinha nada errado. Eu só estava estranha. Fui o caminho inteiro para trabalho com aquela incógnita na cabeça — mas por que raios estou me sentindo assim?

Hoje tem sol, a música tá boa, vou fazer coisas legais. Aí, comecei a racionalizar. Bom, deve ser porque hoje mudei minha rotina. Acho que, já que não comi a mesma tapioca e tomei o mesmo café com leite, meu dia começou esquisito. Ou é porque peguei aquela avenida que sempre tem trânsito e demorei 10 minutos a mais. Pronto, é isso.

Entretanto parei para pensar logo depois: por que eu não poderia só estar me sentindo esquisita? O que me tirava o direito de ter acordado estranha? Por que eu não, simplesmente, podia ouvir a minha intuição?

Hoje, a nossa sociedade criou uma cultura de produtividade que gera pressão e afobamento o tempo todo. Esteja feliz. Sorria. Gratidão. Mas produza, viu? Não esqueça do prazo de entrega. Ah, mas aproveita a vida né? Carpe Diem, mas tem que fazer dinheiro. Acha que vai viver do que você gosta? Tem que ralar para conquistar um futuro, mas seja feliz. Corra atrás dos seus sonhos.

São tantos estímulos paradoxais ao mesmo tempo, tanta cobrança externa e interna, tanta pressão que vira e mexe eu olho em volta e penso: porra! É difícil. É puxado. E a gente simplesmente não se dá o tempo e o valor de sentir isso. Não consideramos um sentimento válido se sentir esquisito, não entendemos que temos tempo para ouvir a nossa intuição. É perda de tempo ficar sozinho, tirar um tempo para si mesmo, sair um pouco do turbilhão de emoções que é a vida cotidiana.

Meu recado é: essa vozinha que fala na sua cabeça algumas coisas normalmente tem razão. Aliás, ela está certa 100% do tempo. Então, escuta e desacelera. Ou acelera, né? Depende do que ela estiver te falando. De toda forma, faz bem parar um pouco e dar tempo para que a vida se encarregue de colocar tudo no lugar. Tá tudo bem. Você é normal.

Acho que vou meditar. Afinal de contas, preciso estar zen para entregar minhas tarefas no prazo, né?

  • Subversiva, criativa, sensível e do bem! Essa é a Perestroika

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Written by Perestroika

Escola de atividades criativas.

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