Não se engane com o TED, o Oscar dos palestrantes | Jean Philippe Rosier

Perestroika
3 min readAug 16, 2017

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Talvez o objetivo da maioria das pessoas que falam em público seja ser convidado para falar no TED.

Eu sei, o TED (TEDÃO) é uma coisa. TEDx é outra. Nessa linha de raciocínio o TEDx estaria mais para Globo de Ouro do que para o Oscar, mas ainda sim, é bem significativo.

Acontece que tem uma grande diferença entre ganhar o Oscar e ser convidado para falar no TED.

E essa diferença se chama “timing”.

O Oscar você recebe de sangue doce, tranquilo, só curte o momento. Afinal tudo já está feito, entregue, filme pronto, cenas filmadas. O público e crítica escolheram você para ganhar esse prêmio pelo o que você já fez.

Já o convite para o TED é o contrário. Você está lá, de sangue doce, fazendo suas paradas e PÁ, vem o convite. E é aí que o bicho pega!

Ser convidado já é um grandíssimo reconhecimento, já é um prêmio, mas esse é só o primeiro passo. Depois você ainda tem que decidir se vai aceitar ou não. E depois de aceitar, tem que ENTREGAR. E aí começa a pressão interna: tenho que ir bem! Tenho que ir muito bem! Tenho que destruir!

E então surge algo que ninguém fala: o PRÉ-TED.

Durante a preparação várias vezes pensei: “putaquepariu, por que eu fui aceitar esse convite? Essa hora era pra eu estar de férias, surfando com meus amigos”. Foram muitas horas de trabalho investidas. Inúmeros roteiros escritos, revisados, corrigidos. Dias de pesquisas, leituras e busca por informações e embasamentos. Depois do texto final escrito e aprovado, começam os ensaios. Ensaios lendo o texto, depois lendo menos, tentando não ler nada, sem ler. Aí, mexe aqui, ajusta ali, muda tudo, volta, erra, se irrita, acrescenta, corta, se irrita, pensa em desistir. Enfim, uma jornada cansativa, desgastante, tensa e estressante, muito estressante. E quando eu parava para pensar era tipo: “tudo isso para 12 minutos de apresentação”. Não parecia valer a pena.

Não tenho vergonha de dizer que me esforcei MUITO. Fiz de tudo para dar o meu melhor.

E dei o meu melhor.

E aí vocês devem estar pensando: destruiu então, né? Não.

Eu me esforcei pra caralho. E não destruí.

Mas hoje tenho a consciência de que isso não importa. O que importa mesmo são os aprendizado que essa jornada me proporcionou.

E foram muitos!

Assim que acabou, logo que passei o último slide, que agradeci o público, e as luzes se apagaram, imediatamente eu me dei conta de que valeu a pena. Que faria tudo de novo, quantas vezes fosse necessário.

E que aquela era a melhor sensação profissional que eu já tinha sentido na vida.

Eu estava em estado de êxtase. Adrenalina, aplausos efusivos, gritos da platéia. Caralho que sensação incrível!

Saí do palco flutuando e com a certeza de dever cumprido.

Fiz questão de, assim que baixou a adrenalina (só no dia seguinte, sim, foi foda), enviar uma mensagem para cada pessoa que me ajudou, que me mandou mensagem de carinho e que me apoiou, em forma de agradecimento.

E a resposta de todos foi:

“Jean, deu pra sentir na tua voz o quanto isso foi legal e importante pra você. E mais, o quanto você está feliz e satisfeito. Que bom ouvir e poder sentir isso, mesmo estando longe.”

E que bom que eles sentiram :)

Claro, quando ví o video, sem a emoção do momento, sem a experiência do “alô Faustão, quem sabe faz ao vivo bicho”, percebi vários deslizes e erros. Me dei conta que não falei coisas que tinha ensaiado mil vezes, mas que o mais importante aconteceu: um sonho se realizou. E que mais uma vez aprendi muito.

Se ficou curioso, dá o play e se diverte. Afinal, “why so serious?”

Jean é sócio e Diretor de Whatever na Perestroika. Foi o responsável por levar a escola ao Rio de Janeiro e está iniciando movimentos em Lisboa/POR.

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Escola de atividades criativas.

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