"Depois de 30 anos caminhando, voltei a engatinhar" (Jean Philippe Rosier)
Roubamos esse texto do Jean, sócio da Perestroika no Rio de Janeiro, onde ele relata sua mais recente experiência profissional no exterior. Mandou muito, Jeanzera! :)
Quinze dias atrás fiz minha primeira palestra internacional.
Uma palestra em inglês, construída do zero, falando sobre Experience Learning, metodologia de educação desenvolvida pela Perestroika. Tive apenas 15 dias para montar o conteúdo, traduzir e ensaiar, e três horas antes de subir no palco e fazer a apresentação oficial decidi mudar tudo e fazer gameficada, em formato de ignite (onde os slides passam automaticamente a cada 20 segundos me deixando completamente sem controle da apresentação).
É engraçado que, na minha cabeça, me imaginava falando um inglês impecável, para mais de 500 pessoas, todas vidradas no meu discurso e que, ao final, aplaudiriam em pé, efusivamente. Quem me dera conseguir isso logo na minha estreia, ah o povo de Paris, plateia extremamente exigente.
Aí me veio a tal da “resiliência” na cabeça, palavra que já está presente nas minhas aulas e palestras faz um tempo.
Resiliência: capacidade que um indivíduo ou uma população apresenta, após momento de adversidade, conseguindo se adaptar ou evoluir positivamente frente à situação.
Na minha opinião, existem duas formas de enxergar as coisas nessa vida:
A) Como gostaríamos que fosse.
B) Como realmente foi.
Acho que uma das grandes virtudes do ser humano é conseguir se adaptar as mudanças.
A imagem que criei foi bem diferente da realidade. Me atrapalhei um pouco no inglês, eram aproximadamente 100 pessoas me assistindo e também não fui aplaudido em pé. Ou seja, o fato de ter construído algo na minha cabeça que não se concretizou daquela forma, gerou uma insatisfação, um sentimento de derrota. Imagino que isso já tenha acontecido com você, não?
Pensando dessa forma estou assumindo que:
Se imagino “A” e o resultado é “B”, consequentemente “B” é ruim.
Mas será que isso faz sentido? Quando parei para analisar racionalmente essa conclusão, percebi que estava errado, afinal,
“B” ser diferente de “A” não significa que “B” é ruim, significa apenas que são resultados diferentes.
E quando me dei conta disso, comecei a avaliar o resultado de outra forma.
Comecei a avaliar “B”, sem comparar com “A”.
Ao fazer isso pensei comigo: “ pô, topei um super desafio, me esforcei e me dediquei ao máximo dentro do tempo que tive para isso e a parada aconteceu. Coração disparou? boca ficou seca? pensei em desistir? Claro, muitas vezes, mas enfrentei esse medo e tive coragem de avançar.
Como diria Osho:
“coragem não é ausência de medo, pelo contrário, é a presença inegável dele, com uma única diferença, a disposição para enfrentá-lo.”
Além disso, tratava-se do maior evento de Economia Colaborativa da Europa, onde tive a oportunidade de dar início a uma carreira internacional e que trouxe uma visibilidade super legal para a Perestroika. E, talvez o mais importante de tudo isso, me fez CRESCER.
Ou seja, precisamos desenvolver nosso poder de adaptação, isso é um fato. E o primeiro passo pode ser começar a analisar o “como foi” sem comparar com “o como gostaríamos que tivesse sido”. Assim, de forma racional, analisamos nossos erros, nos adaptamos e evoluímos.
Aqui está o resultado:
Logo depois da palestra algumas pessoas vieram falar comigo, dentre elas dois alunos da Kaos Pilot (escola que estudei na Dinamarca) elogiando muito a palestra e convidando a Perestroika para participar de um outro evento internacional que eles estão organizando.
Quem sabe aí surge a minha segunda chance.
Com tudo isso percebi o quanto a nossa mente pode nos sabotar e o quanto isso pode nos prejudicar. E é desse jeito, com resiliência, humildade e disposto a analisar os fatos como eles realmente são, que sinto como se tivesse recomeçado minha carreira. E por isso encho o peito de orgulho e felicidade para afirmar com toda as letras: voltei a engatinhar :)
Obrigado Oui Share pelo convite.
