Como criar times mais colaborativos

Perestroika
5 min readFeb 18, 2019

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https://www.interact-intranet.com/collaboration/

Nos últimos anos, além de ter dado centenas de aulas e palestras sobre o tema em várias cidades do Brasil eu também ajudei a co-fundar a Sputnik (experiência de ensino da Perestroika dentro do universo das empresas). Nessa iniciativa, atuei desde o nascimento de forma muito ativa na parte de sala de aula, que nesse caso, acontece dentro das empresas. Isso me trouxe a oportunidade de transitar no meio corporativo de alta performance e trabalhar diretamente com clientes globais como Red Bull, Oracle, Comitê Olímpico e Paralímpico, Walmart, Linkedin entre outros. Nessas empresas pude conviver com times e equipes das mais diversas naturezas, backgrounds e perfis.

E é por isso que hoje, praticamente 10 anos depois de vivenciar todas essas experiências decidi condensar alguns desses aprendizados e compartilhar os três pontos que considero fundamentais para desenvolvermos time mais colaborativos:

1. Segurança Psicológica

Para que o seu time trabalhe melhor em conjunto você precisa criar um espaço onde exista segurança psicológica. Tá Jean, mas que diabos é isso? O Google fez uma pesquisa para tentar identificar por que alguns times eram mais produtivos que outros (dentro da própria empresa).

Esqueça a velha máxima de: montar um dream team e reunir os melhores de cada área (isso não é garantia de que eles juntos, vão performar bem). Também não se tratava do líder, nem do tipo de liderança utilizada (mais permissiva ou não).

O ponto decisivo foi: os times que melhor performavam eram aqueles onde as pessoas se sentiam seguras. Seguras no sentido mais amplo da palavra:

a)seguras em termos de cuidado, pois sabiam que se precisassem de ajuda poderiam contar com outros membros do grupo, aquele time era um porto seguro para elas.

b)segurança no sentido de ausência de medo. Não se sentiam ameaçadas quando traziam alguma ideia absurda ou até mesmo quando cometiam um erro.

c)E por fim, seguras para serem elas mesmas, para levarem ao trabalho a sua melhor versão: a sua versão completa.

2. Elimine o EGO

Esse é um assunto super complexo, eu sei, afinal cada pessoa tem uma teoria diferente sobre o ego. Uns falam que é impossível matá-lo, outros dizem que é a essência da nossa existência, e há ainda aqueles que falam que o segredo é apenas administrá-lo. Qual deles é o verdadeiro (no sentido de obter um resultado mais satisfatório na nossa vida) eu não sei, mas sei que, quando se trata de colaboratividade ele precisa ser eliminado.

O professor Yuval Noah Harari autor do best seller mundial Sapiens afirma que a maior dificuldade que nós seres humanos temos em colaborar está nessas 3 letrinhas (E-G-O). Quando estamos em grupo, gastamos mais tempo tentando acomodar nosso ego do que de fato buscando resolver o problema em questão.

Ao falar sobre as reações do Marshmallow Challenge em diferentes grupos de pessoas, Tom Wujec conta no seu TED que a grande diferença entre adultos e as crianças (essas que alcançam o melhor desempenho) é que nenhuma das crianças perde tempo tentando ser o CEO da Spaghetti Inc.

Pense na natureza e imagine um grupo de formigas brigando para ver quem irá liderar a reunião de como levar a folha de um lado para o outro. Ou uma discussão entre as abelhas para definir quem iria começar a construir a colméia e quem irá em busca de recursos para isso.

Portanto, enquanto nós usamos nossa energia para acomodar nossos egos os animais usam 100% da sua energia para encontrar a solução.

3. Defina os papéis de cada um

O interesse por trabalho em equipe surgiu na década de 60/70 pelas manufaturas européias e americanas em resposta ao sucesso do método de trabalho japonês chamado kaizen (o conceito de que todos os funcionários são responsáveis pela melhora contínua da empresa). Hoje é raro encontrar uma organização, de qualquer tipo ou tamanho, que não valorize o trabalho em equipe. A grande questão é que, com o passar do tempo, fomos confundindo trabalho em equipe com FAZER TUDO JUNTO.

A base para um trabalho em equipe eficiente está, primeiro, no entendimento do indivíduo.

O que EU devo fazer para contribuir?

A partir do momento em que isto está claro para mim e para todos os outros membros do grupo, podemos começar o trabalho. E este pode ser feito tanto individualmente quanto em grupo, vai depender do papel em questão.

Para aqueles mais CDF’s o Doutor e teórico em gestão britânico Meredith Belbin afirma existirem nove papeis distintos dentro de uma equipe e que são fundamentais para o seu sucesso:

1- Semeador | 2- Investigador de recursos | 3- Coordenador | 4- Formatador

5- Monitor/Avaliador | 6- Trabalhador em equipe | 7- Implementador

8-Completador | 9- Especialista.

Para saber mais detalhes sobre cada um, dá uma olhada nesse infográfico.

Bem, quem sou eu para questionar o grande Dr. Belbin, mas acredito que hoje, num mundo cada vez mais rápido e multidisciplinar, não podemos ficar cegos com essa divisão, até por que se fossemos seguir isso a risca, sempre precisaríamos de 9 pessoas para montar um time. Acho que essa diferenciação serve como um excelente guia, mas não deve determinar a construção de um time de trabalho. (apenas minha opinião).

Por fim, negócios, coletivos e empresas são como equipes esportivas. Todos os dias se deparam com desafios, surpresas, dificuldades onde, para superá-los possuir times fortes e produtivos passa a ser uma solução poderosa. E isso acontece porque equipes não são simplesmente um grupo de pessoas trabalhando juntas. Elas são produtos de uma ação coletiva.

Em The Wisdom of Teams, Jon Katzenbach e Douglas Smith definem uma equipe como:

“ um pequeno grupo de pessoas com habilidades complementares e que estão comprometidas com um propósito comum, um conjunto de metas e abordagens pelas quais prestam contas uns aos outros”.

Ou seja, em um time, nenhum indivíduo é responsável pelo sucesso ou pelo fracasso, porque ninguém atua sozinho (mate o EGO). O trabalho em equipe deve estimular as pessoas a se escutarem, a serem elas mesmas, a responderem individualmente aos pontos de vista alheios e divergentes, servindo de apoio (segurança psicológica), e claro, reconhecer e respeitar os papéis, interesses, habilidades e realizações de todos os participantes .

Isso é o que eu acredito, se você também acredita:

TAMO JUNTO!

  • Quer saber mais sobre o assunto? Dá uma conferida no CLIP.

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