Artistas negros (re)existem

Perestroika
4 min readNov 1, 2018

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O ar pode estar sufocante, mas a arte sempre vem para trazer aquele ar fresco, aquela brisa necessária que leva para longe, mesmo que por alguns instantes, as nuvens carregadas que têm pairado sobre os nossos dias. Arte é entretenimento, arte é resistência, arte é política, arte é reflexão sobre nossos lugares e ressignificação de papéis. Por isso, trago aqui uma lista de artistas contemporâneos negros.

“Ah, mas por que negros? Fala aí, quando digo artistas plásticos você dificilmente vai imaginar pessoas negras produzindo arte. Isso faz parte de uma construção social, de uma narrativa histórica que coloca negros e negras em um lugar de subalternidade, de mão de obra braçal entre outros tantos espaços desumanizantes. Por isso, eu trago esses artistas. Para que a gente tenha uma brecha de respiro, fique por dentro dessas novas propostas e pessoas que estão aí, vivas, produzindo, estilhaçando estereótipos e fazendo arte.

Samuel d`Saboia

Traços fortes, cores vibrantes e uma enxurrada de sentimentos. Muitas sensações podem ser apreendidas das telas do recifense de 21 anos, Samuel d`Saboia. Nascido em um bairro humilde da capital de Pernambuco, ele começou a pintar aos 12 anos. Atualmente, os trabalhos desenvolvidos pelo artista são influenciados pelas mortes trágicas de amigos. As telas que exprimem violência, mas que são encaradas por ele como um conforto em meio caos, já foram expostas em Nova York, Lisboa e Paris.

Renee Cox

O uso de fotografias e montagens para celebrar a existência de mulheres negras, mas também para criticar o sexismo e o machismo impregnado na sociedade. É isso o que a jamaicana, Renee Cox, faz usando muitas vezes a própria imagem e corpo em seus trabalhos. E uma de suas séries mais subversivas ela recria a tela “A última ceia”, de Michelangelo, os discípulos são todos negros, com exceção de Judas, e Jesus é uma mulher negra que aparece nua. Sobre a obra ela que: “O cristianismo é muito grande na comunidade afro-americana, mas não somos representados. Por isso, por minha conta, incluí pessoas negras nesses cenários clássicos”.

Kehinde wiley

A tela mais famosa dele é a da foto ao lado. A obra na qual ele pintou em cores vibrantes o ex-presidente, Barack Obama. Mas ele já trabalhava como artista há mais de 20 anos no EUA. Em suas telas gigantes, Wiley, retrata os negros estadunidenses colocando-os no centro da história. Inspirado no estilo clássico europeu, ele mistura elementos do agora com os do passado para colocar a população negra em poses clássicas, que reforçam a imponência bem como alude suas obras a quadros famosos e históricos.

Renata Felinto

Além de educadora e pesquisadora, a artista paulista explora cores, texturas, formas e sobreposições para exprimir sua visão de mundo partindo do lugar ao qual ela pertence.

Moises Patrício

Há dois anos, uma foto é postada diariamente no Instagram. Há dois anos, Patrício mostra para a sociedade o que é descartado e questiona se aquilo que é entendido como lixo, quando ressignificado, pode novamente ser aceito por todos. Nas fotografias ele procura mostrar denunciar o racismo e o preconceito religioso brasileiros. Através da série “Aceita?”, ele instiga cada vez mais perguntas, propõe tensionamentos e nos coloca sempre em movimento.

Criola

Tainá Lima, ou Criola, é uma grafiteira de Minas Gerais. A arte urbana produzida por ela e que pode ser vista em muros de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas retratam e reafirmam a força da identidade negra em suas mais variadas formas de ser. Ela busca na negritude, nos indígenas e na cultura brasileira em geral alimento e inspiração para suas linhas vibrantes que colorem as cidades.

  • Subversiva, criativa, sensível e do bem! Essa é a Perestroika

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