A revolução do beijo triplo
Proponho um novo movimento social. Um movimento que, por natureza, só pode ser sexy.
Explico: O beijo triplo, preferencialmente com outras duas pessoas com identidades de gênero diferentes entre si, é um dos melhores caminhos para a reforma dos padrões sociais e culturais que aprisionam e adoecem a sociedade em que vivemos. Sim, a sociedade está doente. Criamos um sistema sócio-político-econômico-cultural que vive em crise e que não pode sair dessa por definição, pois é baseado em um crescimento infinito em um mundo finito. Tanto em termos de recursos, possibilidades e tamanho, quanto de conhecimento humano para superar todas as crises e questões que geramos no sistema. O beijo triplo carrega uma carga de desconstrução muito importante que desdobra-se muito além do próprio ato.
Se a construção da sexualidade é, consciente e/ou inconscientemente, de fato, um dos parâmetros definidores de nossas individualidades, do nosso entendimento de “quem sou eu?”, ela está direta e necessariamente ligada a toda a nossa construção social de “como me comporto?”, “como me relaciono?”, “o que é esperado de mim?”, “o que penso sobre o mundo a minha volta?”, entre outras questões existenciais e sociais.
Dessa maneira, o ato de um beijo (com toda a sua carga física, emocional, sexual) entre três pessoas ao mesmo tempo desconstrói, de uma só vez, diversos tabus e conceitos que estão arraigados no mundo ocidental; identidade de gênero, heteronormatividade, monogamia, posse e propriedade, patriarcalismo e outros mais. Fora o prazer.
Inicia-se, assim, um processo de reflexão pessoal e de desconstrução social que passa pela experiência do ser, do sentir e do saber. Passa pela reavaliação dos conceitos de “como me vejo?”, “como me veem?” e “como quero ser visto?”.
Por que isso transforma a sociedade? Porque dificulta muito o processo de desconstruir padrões e mitos gerais, romper com velhas estruturas sociais, políticas e corporativas sem iniciar esse processo individual antes. E isso não vale apenas para o caso proposto, há diversas outras formas de buscar desconstruções individuais (leitura, estudo, estados alterados de consciência etc).
Nossos pensamentos são frutos de tudo o que já vimos, vivemos e pensamos previamente. Então, para mudar toda a forma como vemos e vivemos o mundo, precisamos começar por como processamos, compreendemos e internalizamos todos esses fatos, conhecimentos e como, de fato, nos entendemos no mundo. E isso precisa vir de nós mesmos.
Questione-se! A liberdade vem de dentro. Liberte-se.
- Subversiva, criativa, sensível e do bem! Essa é a Perestroika